Com uma forte implantação ao longo de toda a costa, da grande diversidade de artes de pesca, espécies capturadas, e do alto valor comercial dos seus produtos, a atividade pesqueira apresenta uma grande relevância em todo o litoral norte. Apesar desta importância em termos económicos, culturais e ambientais, a pequena pesca tem merecido uma reduzida atenção a nível nacional, o que se traduz na escassez de informação, que impossibilita uma gestão sustentável dos recursos e dos ecossistemas onde se insere. Que artes são utilizadas? Quando são utilizadas? Quantas se perdem? Estas são algumas das questões que devem ser colocadas, e para as quais não existe, praticamente, qualquer informação.

Desde os anos sessenta, quando começamos a utilizar materiais sintéticos em redes e outras artes de pesca, milhares de quilómetros de redes foram lançados às águas do litoral de Esposende. Muitas delas ficaram perdidas. Equipamentos de pesca têm sido perdidos, abandonados ou descartados, em todos os mares e oceanos desde sempre, tornando-se num instrumento de captura não controlável, dando origem a uma elevada taxa de mortalidade ao nível dos recursos, provocando o seu depauperamento tanto a nível económico, como ecológico. Para além disso, estas artes podem ainda causar alterações ao nível do ambiente marinho, aumentando igualmente os riscos para a navegação (provocando acidentes e danos a embarcações) e possibilitando a introdução de espécies invasoras e de detritos nas praias.
O termo pesca-fantasma, é usado para descrever toda a captura de peixes e outros organismos, através de artes de pesca, sem controlo dos pescadores, seja este devido a abandono acidental, ou deliberado, quer simplesmente pela sua perda devido a fatores ambientais, ou humanos. Nos últimos 50 anos, o impacto e extensão deste problema, sofreu um aumento considerável, com o aumento do esforço de pesca e com a introdução de equipamentos com elevada durabilidade, produzidos com materiais sintéticos, que, uma vez perdidos, continuam a pescar indeterminadamente. A poluição marinha causada por plásticos não-degradáveis tornou-se um dos problemas ambientais mais sérios a uma escala global.

O projeto E-REDES está a implementar um estudo-piloto sem precedentes, onde são fornecidas à comunidade piscatória local, redes fabricadas com uma resina biodegradável, especificamente desenhada para o fabrico de monofilamentos a serem usados em redes de pesca. Serão recolhidas opiniões da eficiência e durabilidade das artes junto dos pescadores aderentes, agora equipados com estas inovadoras artes biodegradáveis. O projeto equipará as mais de 30 embarcações que operam no litoral de Esposende, fornecendo às embarcações que escolheram apoiar esta iniciativa, redes biodegradáveis durante o período-experimental de um ano. O seu uso futuro apenas poderá ser assegurado caso a comunidade piscatória fique perfeitamente esclarecida tanto da sua eficiência pesqueira e das vantagens para o ambiente marinho.
Os mares e oceanos representam um meio de comunicação e transporte essencial num mundo cada vez mais globalizado, uma fonte de alimentos e fármacos, de energia e de recursos, geológicos e genéticos. Para além da utilização associada, direta e indiretamente a estas atividades, o Mar de Esposende tem um papel essencial no bem-estar e qualidade de vida da sua população, quer através das atividades de desporto e de lazer, quer através dos serviços fundamentais que presta, como sejam a regulação do clima, a retenção de dióxido de carbono, e a produção de oxigénio.
O projeto E-Redes é um projeto cofinanciado pelos EEA Grants e promovido pelo Município, em parceria com a empresa municipal Esposende Ambiente, a Universidade do Minho e a Associação de Defesa do Ambiente – Rio Neiva. Por esta via, o Município de Esposende, está a contribuir para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, no que se refere ao ODS 12 – Produção e Consumo Sustentáveis, ODS14 – Proteger a Vida Marinha, e ODS 17 – Parcerias para a Implementação dos Objetivos de Sustentabilidade.